Conexionismo versus diálogo entre duos
culturas
Um depoimento de Álvaro Macieira(...) Num
dia ensolarado do ano de 2001 bateram a porta do apartamento onde morava e
pintava, na avenida de Portugal.
Era o pintor angolano Augusto Ferreira, a quem sempre chamei Mestre,
acompanhado par um homem loiro e barba quase branca, sorridente e
comunicativo. Foi assim que conheci o Horst Poppe, hoje meu grande amigo.
Naquele mesmo ano vi uma exposição de Horst Poppe e Paulo Amaral em casa do
Bruno Lara, que morava na Maianga, no mesmo prédio onde morou a minha
querida professora, a escritora Gabriela Antunes.
Horst e Augusto passaram a frequentar juntos o meu atelier. Certo dia
decidimos pintar um quadro juntos. Três telas, todas no mesmo tamanho, no
mesmo espaço, no mesmo clima de criatividade, usando os mesmas cores, cada
um no seu estilo. Todos livres. Coube - me dar o titulo daquele primeiro
triptico juntos: Conexão.
Fizemos no ano de 2002 a nossa primeira exposição na ilha do Mussulo, no
Onjango, com o inestimável apoio de Ethiene Brechet, o dono da Jembas, um
angolano de pais suiços, nascido em Caluquembe, salvo erro, onde seu pai
exerceu medicina curando leprosos, e hoje seu irmão Jean-Pierre Brechet,
também médico, segue a tradição.
A partir dai Ethiene Brechet e sua esposa Brigite sempre dedicaram a mim e
ao Horst um grande carinho e apoio multiforme para a realização das nossas
exposiçães. Foram eles também que nos prestigiaram e compraram a tela
“Conexão” a nossa primeira obra em conjunto com o Augusto. Foi assim que
ajudams a Leprosario da Funda com esse primeiro dinheiro.
Na abertura da nossa primeira exposição tivemos o apoio incondicional do
antropólogo Virgilio Coelho, hoje Vice-Ministro, de quem tenho a honra de
ser seu Consultor no Ministerio da Cultura.
Virgilio Coelho escreveu o primeiro texto sobre o surgimento do Grupo
Conexão Cultural e apresentou a nossa primeira exposição no Mussulo; e assim
surgimos para Angola e para a Alemanha.
Depois veio a fase seguinte com várias idas e vindas. Fui a Alemanha pintar
no atelier de Horst Poppe, onde o Augusto Ferreira ja havia viajado anos
antes. O Horst também foi e veio pintar e expor em Luanda.
Fiquei encantado com os novos amigos no norte da Alemanha. Em Bremen conheci
o professor catedrático Jost Funke, pintor e respeitavel crftico de arte.
Funke conheceu o nosso trabalho e as nossas ideias e escreveu vários artigos
para os jornais locais sobre a nossa experiência baseada no diálogo entre
culturas diferentes. Isso deu-nos mais alento.
Nos trinta anos da independência de Angola, no ano de 2005, fizemos uma
exposição na Biblioteca Central de Bremen. Foi nessa exposição que a
historiadora alemã Regina Gramse, mostrou o quanta conhecia profundamente os
nossos caminhos na arte.
Fizemos antes disso uma exposição em Luanda no SIEXPO - Salão internacional
de Exposição de Arte, o trio do Grupo Conexao, com Augusto. Era então
Antonio Feliciano Dias dos Santos Kida, o Comissário daquele espaço,
chamou-nos, num artigo publicado no Jornal de Angola, de "Os Conexantes".
Na cidade alemã de Nordenham, ainda no ano de 2005, durante uma exposição
que realizamos na Associção local de Artistas, que passei a pertecencer pela
mão de Horst Poppe, a expressiva historiadora alemã Elke Grapenthin,
enalteceu o nosso trabalho artistico ao apresentá-lo na abertura da mostra.
O seu texto confirmou claramente a bertura do pensamento alemão sobre as
relações interculturais.
E assim seguiram-se as exposições de Cuxhaven, Bona, Berlim, Nordenham,
Bremen.
Luanda, Abril de 2008.
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