Texte „Mambo Metu - unser Ding“ 2008
 
Conexionismo versus diálogo entre duos culturas
Um depoimento de Álvaro Macieira

(...) Num dia ensolarado do ano de 2001 bateram a porta do apartamento onde morava e pintava, na avenida de Portugal.

Era o pintor angolano Augusto Ferreira, a quem sempre chamei Mestre, acompanhado par um homem loiro e barba quase branca, sorridente e comunicativo. Foi assim que conheci o Horst Poppe, hoje meu grande amigo.

Naquele mesmo ano vi uma exposição de Horst Poppe e Paulo Amaral em casa do Bruno Lara, que morava na Maianga, no mesmo prédio onde morou a minha querida professora, a escritora Gabriela Antunes.

Horst e Augusto passaram a frequentar juntos o meu atelier. Certo dia decidimos pintar um quadro juntos. Três telas, todas no mesmo tamanho, no mesmo espaço, no mesmo clima de criatividade, usando os mesmas cores, cada um no seu estilo. Todos livres. Coube - me dar o titulo daquele primeiro triptico juntos: Conexão.

Fizemos no ano de 2002 a nossa primeira exposição na ilha do Mussulo, no Onjango, com o inestimável apoio de Ethiene Brechet, o dono da Jembas, um angolano de pais suiços, nascido em Caluquembe, salvo erro, onde seu pai exerceu medicina curando leprosos, e hoje seu irmão Jean-Pierre Brechet, também médico, segue a tradição.

A partir dai Ethiene Brechet e sua esposa Brigite sempre dedicaram a mim e ao Horst um grande carinho e apoio multiforme para a realização das nossas exposiçães. Foram eles também que nos prestigiaram e compraram a tela “Conexão” a nossa primeira obra em conjunto com o Augusto. Foi assim que ajudams a Leprosario da Funda com esse primeiro dinheiro.

Na abertura da nossa primeira exposição tivemos o apoio incondicional do antropólogo Virgilio Coelho, hoje Vice-Ministro, de quem tenho a honra de ser seu Consultor no Ministerio da Cultura.

Virgilio Coelho escreveu o primeiro texto sobre o surgimento do Grupo Conexão Cultural e apresentou a nossa primeira exposição no Mussulo; e assim surgimos para Angola e para a Alemanha.

Depois veio a fase seguinte com várias idas e vindas. Fui a Alemanha pintar no atelier de Horst Poppe, onde o Augusto Ferreira ja havia viajado anos antes. O Horst também foi e veio pintar e expor em Luanda.

Fiquei encantado com os novos amigos no norte da Alemanha. Em Bremen conheci o professor catedrático Jost Funke, pintor e respeitavel crftico de arte. Funke conheceu o nosso trabalho e as nossas ideias e escreveu vários artigos para os jornais locais sobre a nossa experiência baseada no diálogo entre culturas diferentes. Isso deu-nos mais alento.

Nos trinta anos da independência de Angola, no ano de 2005, fizemos uma exposição na Biblioteca Central de Bremen. Foi nessa exposição que a historiadora alemã Regina Gramse, mostrou o quanta conhecia profundamente os nossos caminhos na arte.

Fizemos antes disso uma exposição em Luanda no SIEXPO - Salão internacional de Exposição de Arte, o trio do Grupo Conexao, com Augusto. Era então Antonio Feliciano Dias dos Santos Kida, o Comissário daquele espaço, chamou-nos, num artigo publicado no Jornal de Angola, de "Os Conexantes".

Na cidade alemã de Nordenham, ainda no ano de 2005, durante uma exposição que realizamos na Associção local de Artistas, que passei a pertecencer pela mão de Horst Poppe, a expressiva historiadora alemã Elke Grapenthin, enalteceu o nosso trabalho artistico ao apresentá-lo na abertura da mostra. O seu texto confirmou claramente a bertura do pensamento alemão sobre as relações interculturais.

E assim seguiram-se as exposições de Cuxhaven, Bona, Berlim, Nordenham, Bremen.

Luanda, Abril de 2008.

 

 
Francisco Ribeiro Telles
Embaixador de Portugal em Angola


O Instituto Camões Centro Cultural Português apresenta desta vez Mambo Metu, que em Kimbundo significa “nossos assuntos.” Esta exposição é fruto da colaboração e pesquisa entre um dos mais destacados artistas angolanos, Álvaro Macieira e o pintor africanista alemão Horst Poppe. Trata-se de uma surpreendente ligação entre dois artistas plásticos que embora tenham percorrido trajectórias distintas estabelecem neste encontro artistico pontos comuns e cujo resultado desta magnifica simbiose está traduzido na harmonia de formas, figuras e cores representada em cada uma das obras.

A “conexão cultural” entre estes dois artistas enquadra-se na politica definida pelo Instituto Camões Centro Cultural Português em Angola que tem como um dos seus objectivos apoiar e promover o diálogo inter-cultural.

Gostaria de agradecer o patrocinio do Banco de Fomento de Angola e do Banco Poupança e Credito que mais uma vez se associam os nossas iniciativas.

Fica aqui o convite ao publico para visitar a sala de exposições do Instituto Camões e testemunhar connosco o resultado deste cncontro tão frutifero.